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Quanto mais você corre, mais gordo você fica. Isso mesmo. E, antes de a velocidade do seu corpo chegar a 1,08 bilhão de quilômetros por hora – a velocidade da luz –, ele já terá mais massa que o Universo inteiro. Aí não há, nem nunca haverá, um motor forte o bastante para acelerá-lo. É o que a Teoria da Relatividade ensina: quanto mais um objeto é acelerado, mais massa ele ganha. Isso porque energia e massa são duas faces da mesma moeda – podem ser convertidas uma na outra.
Conforme um objeto vai aumentando de velocidade, a energia contida no movimento dele vai se transformando em massa. Você não percebe, mas isso acontece o tempo todo com tudo o que existe. Inclusive com o seu corpo, quando você dá aquela acelerada para não perder o ônibus. Não precisa se preocupar: o aumento de massa que a relatividade proporciona nessas condições não vai ameaçar sua dieta. Ele é menor que um bilionésimo de grama.
Se você correr a 1,07 bilhão de km/h, o equivalente a 99,9% da velocidade da luz, aí, sim, a situação fica preocupante: um homem com 80 kg passa a ter 2 toneladas. A exatamente 99,99999999%, a massa desse sujeito chegaria a 5,6 mil toneladas. E por aí vai. Se fosse possível chegar a 100% da velocidade da luz, a massa ficaria infinita.
Bizarro, mas é só o começo do problema. Outra consequência da relatividade é que, quanto mais rápido um corpo está, mais devagar ele envelhece. Quando você chega perto dos antológicos 1,08 bilhão de quilômetros por hora, acontece um absurdo lógico: o tempo passa tão lentamente para você que, quando seu relógio tiver marcado um segundo, o fim dos tempos já terá chegado para as pessoas que ficaram paradas. Em outras palavras, não há tempo suficiente disponível no Universo para algo chegar à velocidade da luz. Nem nunca haverá.
Por Rodrigo Rezende – Revista Super Interessante, jun/2006.